sábado, 10 de novembro de 2007

Um dia você acorda e pensa: acordei?

e levanta e fala: que dia chato.


Você come e sente que o pão tem um gosto diferente de todos os pães que você já pode comer um dia.


Você pega uma tesoura e ao olhar a gota pensa que ela tem um vermelho bonito.


Você abre o caderno e tenta rasgar as folhas, mas sabe que sentirá falta delas depois.


Você ouve aquela música e vê que foi realmente estúpida.


Cadê a Rosa agora?

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Ela era a Rosa; (I)

Ela desceu as escadas devagar. Viu que não havia ninguém nos degraus e resolveu parar de descer. Olhou em volta: não havia nada, absolutamente nada além do ar que circulava e da poeira que voava. Da última vez em que estivera ali, haviam cores por todos os lados. Agora,não.

Sentada naquele degrau, relembrava de quantos sorrisos havia dado naquele lugar. Muitos, certamente. Lembrou também de quantos sonhos foram quase realidade, e de quantas alegrias foram reais. Ela lembrava, e lembrava de detalhes que nunca imaginaria lembrar. O toque na mão, a rua, a lua. A desculpa esfarrapada. Uma lágrima caiu, e molhou o sorriso que estava em seus lábios. "Sorriso feliz para uma lágrima de saudade", pensou.

Seu nome era Rosa. Era, porque hoje já nem sabe que nome tem. Era, porque hoje já nem sabe o que ser. Seu nome era Rosa e rosa sua flor preferida. Quanto tempo ela viveu sem saber que seu nome tinha um significado tão especial? Quanto tempo ela viveu sem saber que sua alma era especial? Mas Rosa não quis responder a essas perguntas, preferiu ficar calada e ouvir o som do silêncio.

O som do silêncio lhe dizia para ficar ainda mais calada, e só ouvir a própria alma, que lhe gritava cada vez mais alto : "Rosa! Sinta esse teu coração, sinta esse vazio! Sinta culpa do que fez, e corra para o banheiro! A náusea deverá ser forte". Engano. Rosa deverá ser forte! Deverá pensar certo, por mais que esteja pensando e agindo sozinha. Deverá aprender mais nesses meses do que em todos os anos vividos. Deverá, e ponto final.

Outra lágrima escorreu, mas dessa vez não alcançou nenhum sorriso naqueles lábios. Os degraus balançavam, as paredes giravam, e ela realmente sentiu vontade de vomitar. Pensou no que havia comido durante o dia, e percebeu que apenas uma xícara de café a alimentava. Não sentia fome, mas iria comer.

Aquela escada estava realmente gelada e o vento que soprava estava incomodando como nunca, mas Rosa não ligava. Ela apenas pensava em não pensar em nada, mas assim, acabava pensando em tudo. Resolveu pegar o sanduíche na sua mochila e a garrafa de água. Quando viu que não havia água, xingou bem alto. Um xingamento sem motivo, ela sabia, mas também queria xingar. Xingar o mundo, os próprios pais, os pais dos outros, os filhos dos outros, ela mesma. Porém, xingou apenas uma garrafa de água vazia. Era o que bastava.

O sanduíche de ricota estava com um sabor bom, mas não caiu bem no estômago dela. Provavelmente por não ter comido nada, passou mais mal ainda. Rosa queria correr, queria fugir, queria trocar de corpo e poder voar. Mas não podia. Então vomitou ali mesmo, no degrau abaixo, e quase sujou o tênis.

A ânsia aumentava, e ela não conseguia mais pensar direito. Foi nesse momento que ela percebeu que o vento realmente soprava gelado, e em sua mochila não havia nenhum casaco, nada para cobrir-se. Foi nesse momento que ela resolveu gritar por socorro. Gritar por ajuda, para ver se algum estranho ouvia. Mas ela sabia que nenhum estranho iria se importar com um grito, ainda mais vindo dela, uma garota despenteada, com a maquiagem borrada, tênis velho e mochila rasgada.

Gritou, e gritou tão forte que a dor de cabeça aumentou. "Preciso sair daqui", disse em voz alta. "Você vem comigo? Sim? Que ótimo ter sua compania!". E foi-se, acompanhada de sua mochila e de suas dores. Em pé, fora daquele lance de degraus, tentou aliviar o gosto ruim que sentia, cuspindo no chão. Sem um espelho, tentou amenizar a maquiagem borrada pelas lágrimas. "É, nada mal. O que acha?", e virou-se para o nada como se fosse uma outra pessoa. "Nada mal,Rosa. Agora vá."

Saiu do prédio, e assustou-se quando olhou a noite escura. "Puxa, quantas horas fiquei aqui?". Rosa não sabia e não queria saber. Queria apenas sair daquele prédio e se juntar à multidão. Então passou pela portaria, olhou em volta, e decidiu virar à esquerda. As pessoas passavam e Rosa apenas pensava em chegar rápido em casa. Mas apesar das dores, apesar do vazio e do nada que a acompanhava, sorria.

Sorria porque sabia que o dia estava acabando, e achava isso bom. Sorria porque sentia que suportava aquelas dores, e isso era um mérito. Sorria porque sabia que as pessoas aprendem mais pelos caminhos difíceis, e isso a deixava esperançosa.
Sorria porque ainda restava um pouquinho de Rosa, e essa era a verdade.
Uma vez Rosa, sempre Rosa.

sábado, 29 de setembro de 2007


O trovão bem que poderia me levar para beeeem longe.


Ele é legal.




[ Ouvindo: Creedence Clearwater Revival - Someday never comes]

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

descobri que sou uma merda em geometria.



¬¬


era só o que faltava.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Fotos;

Quando olhei as fotos que existem nos álbuns da família, nos cds gravados, e nas pastas do computador, percebi que quase não havia foto minha, com minha família.

Fiquei triste.

Lembrei de vários momentos felizes, vi todos sorrindo, menos eu. Eu não estava.
E não consegui me lembrar onde eu poderia estar.

Por que eu não apareci em nenhuma foto?
Por que eu me distanciei a esse ponto?
Por que quando me chamavam pra sair, eu falava ''prefiro ficar em casa, tô cansada.'' ?
Por que quando estavam todos sorrindo eu estava quieta, no meu canto, sozinha?

Felizmente não percebi tarde demais, ainda dá tempo de tirar muitas fotos com todos eles. Assim eu aparecerei feliz, e lembrarei anos adiante, de como eu estava feliz ao tirar a foto.

Dessa vez não quero perceber só quando for tarde demais.
Dessa vez não posso deixar a oportunidade passar e só lamentar depois.
Dessa vez, por pelo menos uma vez, acho que percebi a tempo.

Não posso perdê-los antes da perda.
Não se antecipa um fim.



[Cadê a câmera?]

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Fiz um brigadeiro na panela, e comi até dizer chega.
Comi tudo,
sozinha.

Foi quando me lembrei que há uns 3 anos atrás me falaram que comer brigadeiro, feito na panela, numa tarde fria, sozinha, no computador, era sinal de tristeza.


...
Não de tristeza, mas de solidão.


[Por hoje só]

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

A estante e o cheiro;

Hoje resolvi arrumar a estante de livros do escritório de meu pai, que fica aqui em casa. Tirei todos do lugar e comecei a organizar, por ordem de tamanho, ou de assunto, ou de importância. Não perguntei se deveria, vi que estava desorganizado, olhei por uns segundos e descobri como organizar.

Os livros de física continuaram na prateleira superior, como sempre. Enquanto eu os organizava, pensava em quantas noites sem dormir meu pai passou lendo aqueles livros, estudando e tentando compreender o que estava escrito. Muitas, certamente.

Nisso, percebi que eu não deveria reclamar ao ler um ou outro livro de física, obrigatoriamente. Comparados a esses livros de meu pai, os meus são quase nada.

Na prateleira do meio coloquei os livros de temática espírita. Há tempos nem olhava para a cara deles, e ao organizar, percebi que lembrava do conteúdo de quase todos. Foram-me úteis, serviram de base para condutas que tento seguir atualmente. Ao menos não perdi meu tempo lendo aqueles livros.

Nisso, percebi que eu não deveria reclamar por ter lido tantos livros que hoje não considero mais importantes. Nenhuma leitura é em vão, porque se desenvolve, pelo menos, um senso crítico bem aguçado.

Na prateleira inferior deixei os livros antigos, que ninguém lê. Obviamente não servem apenas para ocupar espaço, nem para passar uma idéia quanto ao nível de cultura das pessoas dessa casa : "Nossa, livros! Quem gosta de ler assim é bem inteligente, einh!". Considero que sim, o são, mas não por causa desses livros...

Nisso, percebi que eles têm um cheiro forte. Não é cheiro de mofo, nem cheiro de algo ''guardado''. É cheiro de livro velho, e só. Aquele cheiro peculiar, inconfundível : é realmente um autêntico livro velho!

Quantas pessoas param para pensar no cheiro que os livros têm? Creio que poucas... Para sentir o real cheiro de um livro é preciso ter com ele uma relação de proximidade, uma intimidade respeitosa, como quem diz : "com licença, Senhor Livro. Posso cheirá-lo? Posso manuseá-lo? Posso me dar ao luxo de aprender algo contigo? Ah,Obrigada!".

Pois o cheiro que um livro velho tem é melhor do que o cheiro do novo. É como se fosse a cabeleira branca de um senhor e a cabeleira ousada de um jovem rapaz. Pelos cabelos se diz que tem mais experiência. Pelo cheiro se diz qual livro conhece mais o mundo.

Não me refiro ao conteúdo de tais livros, claro. O novo pode ser muito bem uma nova edição de um velho livro. Mas eu digo, qual livro conhece mais o mundo? Qual livro conhece mais faces de leitores, qual livro tem mais impressões digitais em suas páginas? O livro velho conhece mais o mundo! O livro velho, se falasse que nem fala nós, humanos, certamente diria:

"O mundo tem cheiro de novo. As pessoas que me lêem tem cheiro de novas. Novas não no corpo, novas não em suas cabeleiras, mas novas de alma. Pois quem lê, verdadeiramente, um livro, tem a alma nova. Nova como quem quer sempre aprender assuntos novos, nova como quem quer sempre ganhar experiências novas. Alma nova como eu, um simples e velho livro".

Ah... Quanta coisa nova me diz um cheiro velho!!

domingo, 23 de setembro de 2007

Papéis...

Hoje li numa carta, que eu recebi há uns meses, de alguém:
"Morreu de paixão, pois de amor não se morre".

E logo li em outra:
"Tudo o que é feito com amor está além do bem e do mal".

E não é que ele tinha razão?

O valor das coisas e o rádio;

É incrível: só se dá o real valor para algo quando esse algo se vai.

~~
No rádio toca uma música triste. Uma voz suave e feminina canta francês. Ah, França. Será um sonho possível de se realizar, ou será como os outros, apenas ilusão?
Tantos sonhos se foram, tantos se acabaram em ruínas! "O sonho acabou", disse meu querido Johnny. Infelizmente terei de discordar. Não, não acabou. O verdadeiro sempre fica.


A mulher acaba de cantar francês, enquanto vejo os Alpes franceses sumirem da minha cabeça. Menos um sonho?

Mais um: em seguida toca outra música, advinhem! Triste. Romântica. Na medida certa do que sinto agora. "Mas depois de você, os outros são os outros e só... Ninguém pode acreditar na gente separado. Eu tenho mil amigos, mas você foi meu melhor namorado".
Ah, que ótimo! Alguém tem um punhal?
-Não.
Certo. Mudaremos de estação então.

Na outra estação também toca uma música triste. "Tudo o que fiz foi me confessar: escravo do teu amor, livre para amar", alguém canta. Mentira! Livre para amar? Não mais... Até porque liberdade é como um pássaro que voa: ele se sente livre para voar, até o dia em que descobre que se voar muito alto, não consegue mais se sustentar no ar. Pois bem. Eu, como pássaro, voei alto demais e não consegui mais minha sustentação.

É... Essas estações parecem mais inverno.

Desligo o rádio, cantarolo Beatles.
Não adianta.
Só dei valor porque perdi.
Fico triste, engulo as lágrimas e falo para o nada: "hey, não é hora de chorar! Se até a lua sorri, porque não eu?".

Pego um copo de café amargo, aprecio e ligo o rádio, novamente.
Toca Beatles.
Toca lá no fundo da alma.
Não adianta, mesmo!

[Será que eu recupero isso tudo?]

sábado, 22 de setembro de 2007

Éramos o par perfeito.

Lembro-me quando a vida sorria para mim.
Lembro-me quando eu achava que tudo daria certo.
Eu pensava, eu realmente pensava que poderíamos ser felizes juntos.

Havia planos, havia um futuro marcado
no calendário.
Bastaria fazer tudo certo, bastaria não cometer
nenhum pecado.

Mas o mundo é cruel em suas certezas,
o mundo não conhece o perdão.
E então, você foi embora,
disse adeus e desceu as escadas.

Éramos o par perfeito.

Você chegou em casa, abriu suas garrafas,
alimentou com elas todas suas mágoas.
Você sentia raiva do destino,
mas não sabia que a culpa era minha.

Sentei na escada e acendi um cigarro.
O único que ouviria meu choro e minhas lamentações.
O único que não me dizia reclamações.
Eu queria me perder, eu queria esquecer.
Era o peso da culpa.

Mas o mundo é cruel em suas certezas,
o mundo não conhece o perdão.
E então, você foi embora,
disse adeus e desceu as escadas.

Éramos o par perfeito.


Queria parar no tempo,
parar naquele instante.
Queria fazer você sorrir novamente,
ao invés de dizer adeus.

Não desça as escadas,não abra as garrafas.
Não me deixe sofrer nessas noites, sozinha.

Éramos o par perfeito.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

explanação;

.
Corri por caminhos errantes, cometi o mesmo pecado por várias vezes seguidas. Procurava ter uma válvula de escape, sem perceber que a própria procura já me servia de consolo. Queria, a qualquer custo, viver os dias de minha vida como se fossem os últimos,numa forma exagerada de "Carpe diem" .
Como escreveu o poeta romano Horácio, "sapias, vina liques et spatio brevi spem longam reseces. Dum loquimur, fugerit invida aetas. Carpe diem, quam minimum credula postero" (seja sábio, beba seu vinho e para o curto prazo reescale suas esperanças. Mesmo enquanto falamos, o tempo ciúmento está fugindo de nós. Colha o dia, confia o mínimo no amanhã).
Era exatamente essa minha linha de raciocínio, o tempo todo, embora sempre inconscientemente.

Porém, o que não se constrói sobre bases sólidas desmorona facilmente. Minhas ilusões acabaram, por conta de mentiras insustentáveis. Vieram o desespero, o desejo incontrolável de fugir para bem longe desse mundo e flutuar num vácuo distante. Sem absolutamente nenhum incômodo eu queria ficar.
Impossível.

Então eu descobri que há sempre uma forma de se dar bem!

Foi quando vi o sorriso da lua refletido nas lentes do meu óculos, foi quando eu ouvi a velha coruja cantando, foi quando eu senti a brisa morna da primavera.

Sim, a lua sorriu para mim.A coruja cantou para mim. A brisa moveu meu cabelo e o deixou bagunçado, mas não me importei.

Estava tudo em seu devido lugar.

Então pude sentir, naquele momento, um estalo no peito: minha conhecida esperança, que há tempos não aparecia. Esperança de viver, esperança de acordar no dia seguinte e lembrar de bons sonhos. Esperança de avaliar, daqui a alguns anos, que nada havia sido em vão.

Meu coração sorriu.Meus olhos sorriram.Meus lábios, outrora gélidos, ficaram quentes como aquele último beijo.

Sim, dará tudo certo.
O universo conspira a meu favor.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Eu sempre pensei que bastaria ter tudo o que eu tinha.
Sempre pensei que eu não precisava de nada, não precisava de tempo,
e no fundo, eu pensava que adiantaria pensar assim.

Mas quem não crê no que diz, não convence a ninguém.
Muito menos a si mesmo.

Eu sempre pensei que conseguiria fazer tudo sem remorsos, arrependimentos, e hoje sei que é impossível ser assim.
Sempre pensei que o que eu pensava era a certeza e a prova que eu precisava para julgar minha vida.
Mas os conceitos sempre são quebrados, principalmente quando eu faço alguma escolha.

Eu tento não ficar preocupada,
mas a medida que o tempo passa, percebo que me preocupo em não me preocupar.

Deve acontecer com todo mundo.

Ontem tive idéias maravilhosas, criativas e inteligentes, mas não estou muito animada para mostrar minha criatividade a alguém.
Acho que é porque hoje em dia cobram muito dos outros, e os outros cobram muito de si mesmos.
(Cobranças que não tem ao menos um valor estipulado).

O mundo está cheio é de máquinas que imitam gente.
E não descarto a possibilidade de eu estar me tornando uma.

(Viver é bom, mas que cansa,
cansa!)

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Mistérios existem?

"O que você chama de misterioso não é nada menos que sua ignorância.
O que há por trás das portas, janelas, olhos?
O que há por trás daquilo que o cega, que o fascina, que o enlouquece? Da janela? Apenas luz. Da luz? Apenas ondas eletromagnéticas. E por detrás? Mistério? Não, ignorância!

Impossível saber de tudo, quando somos quase nada.
Impossível abraçar o mundo, quando não temos ao menos braços. E se temos, há uma dor tão profunda que nos faz encolher o corpo inteiro.

Mistério? Pare de criá-los! Quando a vida deixar de ser misteriosa, é sinal de que o homem criou coragem. Criou dignidade. Criou-se do lixo e agora não polui mais.
O mistério não existe; encare a realidade e assuma sua parte inferior.
Encare sua ignorância e deixe de fingir ser Homem! "
°°°

Há dias em que fico num estado de "putidez" inexplicável.
Na verdade, até tem explicação, mas sabe quando não queremos mexer na maçã podre, para evitar de ver os vermes?
Até que de tanto apodrecer, vira pó.
É um processo doloroso, mas acaba depois de algum tempo.
Todo mundo tem sua maçã podre. Acho que o próprio mundo é por si uma maçã apodrecendo,aliás.
O problema é que quando uma maçã podre é guardada num cesto, as outras podem apodrecer também.
Então o segredo é não deixar isso acontecer.

Não sei como fazer... Deve ser aquele tipo de desafio que você só sabe que aprendeu quando se descobre velho (Ou não,vai saber!).

A questão é que nesse processo todo (de lutar contra os vermes, proteger as maçãs podres do cesto que eu sou, ter a certeza do que se faz) fico, de certa forma, pior do que eu estava antes.
O que me salva é saber que isso acontece com qualquer pessoa, em qualquer canto do planeta.

Portanto, se você se sente mal quando descobre algum defeito muito ruim em você (é,daqueles horríveis admita!), não ligue muito. Um dia, esses vermes consomem toda a maçã e ela desaparece, podre.

Dói, mas aí também, não querer que doa... É querer ser melhor que o Super-Homem, a Mulher- Maravilha, ou até quem sabe, que todos os heróis da Marvel juntos.

°°°

domingo, 3 de junho de 2007

Carta ( I )

Todo dia quando deito para dormir desejo lhe ter ao meu lado, e fico triste porque não o vejo.

Toda noite quando eu fico sozinha penso no que já vivemos juntos, e em quantas coisas bonitas já construímos... Olho para o lado e pergunto, com um ar de tristeza : "onde você está agora?".
Então sinto esse amor todo, fecho os olhos, respiro bem fundo e espero o sono chegar. Espero ele vir e trazer bons sonhos para mim, pois o que mais quero é sonhar. E sonho sempre contigo. Pois o que mais quero é pensar em você, acordada e desacordada. Pensar em você, em mim, nos nossos.

Quero sonhar, da forma que for! De ponta-cabeça, andando nos trilhos, tropeçando e caindo pelo caminho, levitando...
Sonhadora demais? Penso que sim... Afinal, o real só acontece depois de sonhado.

E a minha realidade só existe porque meu sonho é você.

(LL)


***

[Ana Carolina Coura]

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Portanto,pense. E seja.

Eu penso em viver até ficar velhinha... Quero chegar a ouvir de meus netos, infestando a casa numa tarde de domingo: "Puxa, como seu almoço é delicioso!". Porque sim, só as avós sabem cozinhar com experiência de vida.

Eu penso em viver tudo bem novinha, até os meus vinte e poucos anos, para chegar para meus pais e gritar: "eu já sei o que é a vida!".

Eu quero pensar como pensa uma mulher adulta, mas quero usar o disfarce de criança feliz. Quero pular na rua, dançar nos corredores e cantar batendo palma em praça pública. Quero mostrar que qualquer um pode expressar felicidade sem dizer que é "pagação de mico".

Eu penso em namorar todo fim de semana, em dizer como o que eu amo já faz parte de cada pensamento meu. Penso em dizer mais elogios do que críticas, mesmo que eu já seja uma mãe chata, uma irmã chata, ou uma amiga mais chata ainda. Porque sim, as pessoas nascem chatas e aprendem como não ser isto ou aquilo.

Desejo suportar as dores com meus próprios medicamentos, com meus próprios ensinamentos e razões. Desejo que todos sintam dores um dia, para assim não causarem mais dor alguma. Desejo que todos sintam a cura um dia, para assim darem valor a dor que um dia sentiram. Pois é óbvio para qualquer homem sensato: aprendemos mais rápido (e melhor!) pelo caminho mais difícil.

Eu penso em comandar meus pensamentos para o bem. Em fazer deles a palavra que sai de minha boca, o desejo que sai de meu peito e as obras que construo com minhas mãos. Desejo usar meus pensamentos para mostrar que posso ser o que ninguém nunca descobrirá. Meus pensamentos fazem parte da parte mais íntima que me constrói.

Desejo que todos pensem besteira, mas que só pensem. E caso queiram fazer, que façam sem peso na consciência. Todo mundo já tem sua cruz a carregar, e não temos o direito de colar um chiclete, tampar uma pedra ou cuspir na nossa. Nem na dos outros! Já basta o peso de termos nascido com responsabilidades e direitos a cumprir.

Eu penso que podemos ficar algum tempo lendo textos inúteis, ou úteis, ou o texto que for, mas desde que guardemos alguma idéia na cabeça. Palavras apenas são se forem pensadas.

Portanto, pense.
E seja.

;]




°°°
[ Ana Carolina Coura ]



°

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Alma (do latim anima);

"Você é o reflexo daquilo que não vê, porque o importante nunca é visto.
Somente sentido, vivido e apreciado.
Você pode sorrir a vida inteira, mas se seu coração não sorrir junto, não valerá nada.
Não adianta manter a pose, se por dentro sua mente está totalmente desestruturada.
Você é o reflexo daquilo que não vê, porque o que o espelho reflete é apenas uma camada, de pele, carne e músculos, que esconde o que há de essencial em você: uma alma capaz de ser do tamanho do mundo... "


(Ana Carolina Coura)


°
E a minha às vezes não agüenta de agonia...
Fica querendo rasgar esse corpo tão pequeno,para ela...
O peito fica apertado, a cabeça bagunçada e os olhos não contém as lágrimas.
Felicidade,sim.
Vontade de ultrapassar os limites da carne e ver se sua alegria passeia pelo espaço...
Ver se pelo menos, alguns corações de pedra sorriem com esses sentimentos.

(É...Acho que estou conseguindo felicitar alguns...)
;)


°

terça-feira, 15 de maio de 2007

(L)

°

"Meu coração é meu ritmo,
é meu batuque,
é o marcapasso dos meus passos descompassados.
Meu coração é colorido das cores musicais,
da alegria barulhenta,
incontida no peito!
Meu coração é meu guia,
que me guia nas estradas das partituras mágicas.
Meu coração é meu sabor,
é meu ardor,
é amor."


(Ana Carolina Coura)


°°°

sexta-feira, 11 de maio de 2007

The Beatles - Love


O melhor de ouvir esse álbum, é que não diferente de todos os outros, a cada segundo que passa seu coração dá um tremelique estranho.A cada música você descobre um detalhe diferente, você percebe mais que o "Lalala" do Paul é diferente do qual o John faz.

Você percebe que quando começa a cantar a música, eles nem começaram, e nem vão começar, porque só cabe ao ouvinte fazer isso. E então você grita, e se explode, porque tudo o que você sempre ouviu foi modificado, e é a mesma história de antes misturada a outras tantas.

Sensações novas, a euforia de ver que, por exemplo, Lady Madonna não está mais a mesma. E depois desse álbum, nenhum fã está mais o mesmo. Então nessa caçada de descobrir qual música está tocando agora, você também viaja, e pensa "por que nunca pensei nisso?"

E é aí que tá. Porque George Martin pensou antes.\o/
[e tudo por causa de quatro caras de Liverpool! ^^ ]



°°°
[Ao som de: A Day In The Life - Album Love - The Beatles ]

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Pare o tempo, porque quero correr.

As pessoas correm
andam depressa em suas estradas
sem saber onde irão chegar.

Passos rápidos!
Ande, os relógio gritam!
Desesperados, pedem por tempo!
Mais tempo!
Me dê tempo!
Rápido!

Pelo vidro vejo pernas
enormes pernas,
de enormes passos.

Pelo vidro vejo os que tropeçam.
Vejo que até os velhos correm com suas muletas.
Vejo que até as mães arrastam as crianças pelo braço,
que até os homens arrastam suas mulheres das vitrines.

O mundo agora não gira mais rápido!
A busca incessante pelo equilíbrio é que tem levado os velhos,
as mães, as crianças , os homens e suas mulheres ao desequilíbrio.
Contradição.
Reflexo do próprio ser humano.


Pois digo que os depressas, estes nunca chegarão.
Vivem ocupados com seus relógios,
com os seus tempos preciosos,
mas esquecem que a vida
é para ser vivida,
não corrida.

(Ana Carolina Coura)




°°°

[Ao som de : Echoes - Pink Floyd ]

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Desisto...

Mas puxa!
Os dias passam e eu continuo criança...
Agirei como criança então:
-DESISTO!

Porém, desisto de desistir!
Para quê?
Juntar-me aos derrotados?

Alguém me ensinou que a vida é doce o bastante para ser derramadas lágrimas salgadas e palavras amargas. Minha vida é incrivelmente doce agora.
Alguém me ensinou que faz parte do caminho árduo ter vontade de desistir, mas que faz parte também ver a
grama verde e macia que nasce nele, depois. Mas apenas os vencedores desfrutam esse encanto.

Desisto de desistir, desisto de tentar sempre parecer ser a mais fraca das menininhas. Eu sei a força que eu tenho, e eu também sei como usá-la a meu favor.

[...]

E puxa!

Parece que vou ser mesmo uma vencedora...

°°

[Ao som de: Lady Madonna - Album Love - The Beatles. ]

domingo, 6 de maio de 2007

"Fulana, olhe para mim!"

O pior é saber que não importa o que você faça, simplesmente não se importam.

Já li isso em algum lugar.
E é verdade.

E se importar, apenas para poucos.

Não ligo se o que escrevo é bom ou ruim, quero apenas que fulana, ao invés de falar “saia daí agora”, venha ver antes o que faço.
Ou será preciso colocar setas brilhantes gigantescas em minha cabeça, apontando para mim, e dizendo “ela quer que você veja a arte que ela faz”?

Quando é uma pintura, por exemplo, é mais fácil. As pessoas simplesmente batem o olho e registram a imagem. Mas aposto que a maioria não entende o real significado do desenho. É diferente ver uma pintura e ler tal pintura.

Só que com palavras, é preciso ver e ler ao mesmo tempo.
E parece-me que fulana não quer ler minhas palavras. Apenas ver.

E então, para poupar o trabalho, apenas diz “saia daí agora”.

Impossível sair.
Impossível arrancar as palavras da mente quando eles ainda estão formando frases e idéias.
É como abrir o forno antes do tempo marcado. O bolo sempre estraga.
As idéias estragam.
As palavras somem, para nunca mais serem achadas.
Só resta o vazio no peito, e o pensamento de que dali poderia ter saído algumas linhas geniais.

Mas que adianta?
Fulana não se importa!


(Covardia minha também perder tempo escrevendo aqui.
Covardia minha também. Seria mais direto, mais radical, e mais explosivo ir lá e falar com fulana “viu a arte que eu fiz? Você atrapalhou meu trabalho, mas mesmo assim consegui terminá-lo. SOZINHA!”

Mas, ah! Sou covarde mesmo.)



°°°
[Ao som de: Nothing Else Matters- Metallica & San Francisco Symphonic Orchestra]


sexta-feira, 4 de maio de 2007

Cinza

Metade do céu é cinza.
A outra metade não posso ver.
As nuvens correm feito loucas
desvairadas.
Queria mesmo que elas
não corressem mais.

De onde vêm?
Para onde vão?
Triste é saber que elas não têm rumo.
Deixam o vento guiá-las
de acordo com os astros.

Assim como eu.
Não reconheço essas cores em meu peito...
Deixo a maré chegar
para então entrar no mar.
Finjo que o que sinto é bom
para então viver a ilusão.

Metade de mim é cinza.
E a outra metade também.


°°°
(Ana Carolina Coura)

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Strawberry Fields xD


"Certa vez um camponês colhia morangos em sua plantação, quando avistou ao longe um outro homem, parado, com os olhos fixos nos morangos. O camponês, cansado e solitário, então gritou:

-Ei, você! Venha aqui ajudar-me com esses morangos!

O homem aproximou-se, disse-lhe seu nome e agradeceu ao camponês, que logo falou:

- José, esses morangos são a minha vida. Tome cuidado, não os machuque, porque deles tiro meus tesouros.

- Também tenho alguns morangos - completou José , mas a maioria deles está machucada... Certo rapaz vinha ajudar-me todos os dias na plantação, mas ele acabou descuidando-se... Portanto comprometo-me a usar seus morangos com carinho, porque sei como é perdê-los um dia...

Então desse trato duradouro, o camponês e o homem puderam ver que para conhecer bem o outro, basta dar a ele uma chance de mostrar-se".





Interprete como quiser,
mas polua sua mente com metáforas.
Nada melhor que elas para falar de sentimentos.









quarta-feira, 2 de maio de 2007

O melhor de tudo é que ele me passa simpatia! Passa leveza, segurança.

O violinista que não cansa de tocar, não porque é feito de metal, mas porque foi feito pelas mãos puras de um artista. Ele tem a alma de um artista!

E por ter uma alma de artista, ele não se cansa.

Posso até cansar do violino às vezes, mas ao lembrar que eu não teria metade do mundo que eu construí com ele, minha alma ganha força.

Afinal,sou artista também.

E artistas têm de ter força...