domingo, 23 de setembro de 2007

O valor das coisas e o rádio;

É incrível: só se dá o real valor para algo quando esse algo se vai.

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No rádio toca uma música triste. Uma voz suave e feminina canta francês. Ah, França. Será um sonho possível de se realizar, ou será como os outros, apenas ilusão?
Tantos sonhos se foram, tantos se acabaram em ruínas! "O sonho acabou", disse meu querido Johnny. Infelizmente terei de discordar. Não, não acabou. O verdadeiro sempre fica.


A mulher acaba de cantar francês, enquanto vejo os Alpes franceses sumirem da minha cabeça. Menos um sonho?

Mais um: em seguida toca outra música, advinhem! Triste. Romântica. Na medida certa do que sinto agora. "Mas depois de você, os outros são os outros e só... Ninguém pode acreditar na gente separado. Eu tenho mil amigos, mas você foi meu melhor namorado".
Ah, que ótimo! Alguém tem um punhal?
-Não.
Certo. Mudaremos de estação então.

Na outra estação também toca uma música triste. "Tudo o que fiz foi me confessar: escravo do teu amor, livre para amar", alguém canta. Mentira! Livre para amar? Não mais... Até porque liberdade é como um pássaro que voa: ele se sente livre para voar, até o dia em que descobre que se voar muito alto, não consegue mais se sustentar no ar. Pois bem. Eu, como pássaro, voei alto demais e não consegui mais minha sustentação.

É... Essas estações parecem mais inverno.

Desligo o rádio, cantarolo Beatles.
Não adianta.
Só dei valor porque perdi.
Fico triste, engulo as lágrimas e falo para o nada: "hey, não é hora de chorar! Se até a lua sorri, porque não eu?".

Pego um copo de café amargo, aprecio e ligo o rádio, novamente.
Toca Beatles.
Toca lá no fundo da alma.
Não adianta, mesmo!

[Será que eu recupero isso tudo?]