sexta-feira, 21 de setembro de 2007

explanação;

.
Corri por caminhos errantes, cometi o mesmo pecado por várias vezes seguidas. Procurava ter uma válvula de escape, sem perceber que a própria procura já me servia de consolo. Queria, a qualquer custo, viver os dias de minha vida como se fossem os últimos,numa forma exagerada de "Carpe diem" .
Como escreveu o poeta romano Horácio, "sapias, vina liques et spatio brevi spem longam reseces. Dum loquimur, fugerit invida aetas. Carpe diem, quam minimum credula postero" (seja sábio, beba seu vinho e para o curto prazo reescale suas esperanças. Mesmo enquanto falamos, o tempo ciúmento está fugindo de nós. Colha o dia, confia o mínimo no amanhã).
Era exatamente essa minha linha de raciocínio, o tempo todo, embora sempre inconscientemente.

Porém, o que não se constrói sobre bases sólidas desmorona facilmente. Minhas ilusões acabaram, por conta de mentiras insustentáveis. Vieram o desespero, o desejo incontrolável de fugir para bem longe desse mundo e flutuar num vácuo distante. Sem absolutamente nenhum incômodo eu queria ficar.
Impossível.

Então eu descobri que há sempre uma forma de se dar bem!

Foi quando vi o sorriso da lua refletido nas lentes do meu óculos, foi quando eu ouvi a velha coruja cantando, foi quando eu senti a brisa morna da primavera.

Sim, a lua sorriu para mim.A coruja cantou para mim. A brisa moveu meu cabelo e o deixou bagunçado, mas não me importei.

Estava tudo em seu devido lugar.

Então pude sentir, naquele momento, um estalo no peito: minha conhecida esperança, que há tempos não aparecia. Esperança de viver, esperança de acordar no dia seguinte e lembrar de bons sonhos. Esperança de avaliar, daqui a alguns anos, que nada havia sido em vão.

Meu coração sorriu.Meus olhos sorriram.Meus lábios, outrora gélidos, ficaram quentes como aquele último beijo.

Sim, dará tudo certo.
O universo conspira a meu favor.