domingo, 6 de maio de 2007

"Fulana, olhe para mim!"

O pior é saber que não importa o que você faça, simplesmente não se importam.

Já li isso em algum lugar.
E é verdade.

E se importar, apenas para poucos.

Não ligo se o que escrevo é bom ou ruim, quero apenas que fulana, ao invés de falar “saia daí agora”, venha ver antes o que faço.
Ou será preciso colocar setas brilhantes gigantescas em minha cabeça, apontando para mim, e dizendo “ela quer que você veja a arte que ela faz”?

Quando é uma pintura, por exemplo, é mais fácil. As pessoas simplesmente batem o olho e registram a imagem. Mas aposto que a maioria não entende o real significado do desenho. É diferente ver uma pintura e ler tal pintura.

Só que com palavras, é preciso ver e ler ao mesmo tempo.
E parece-me que fulana não quer ler minhas palavras. Apenas ver.

E então, para poupar o trabalho, apenas diz “saia daí agora”.

Impossível sair.
Impossível arrancar as palavras da mente quando eles ainda estão formando frases e idéias.
É como abrir o forno antes do tempo marcado. O bolo sempre estraga.
As idéias estragam.
As palavras somem, para nunca mais serem achadas.
Só resta o vazio no peito, e o pensamento de que dali poderia ter saído algumas linhas geniais.

Mas que adianta?
Fulana não se importa!


(Covardia minha também perder tempo escrevendo aqui.
Covardia minha também. Seria mais direto, mais radical, e mais explosivo ir lá e falar com fulana “viu a arte que eu fiz? Você atrapalhou meu trabalho, mas mesmo assim consegui terminá-lo. SOZINHA!”

Mas, ah! Sou covarde mesmo.)



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[Ao som de: Nothing Else Matters- Metallica & San Francisco Symphonic Orchestra]